31de Março!!! 21 horas...
Bom, eu vou estar, caso ninguém dê ideia para outra hora, amanhã pelas 21 horas no GCO para umas rapidinhas....
Se alguém se aventurar a aparecer, lá estarei "chaves na mão, melena desgrenhada", à vossa espera.
Criado num momento de ócio e introspecção , pretende ser um espaço exclusivo para os Xadrezistas do G.C.O. dizerem o que lhes vai na bolha .
Bom, eu vou estar, caso ninguém dê ideia para outra hora, amanhã pelas 21 horas no GCO para umas rapidinhas....
Há uns tempos que tenho muita vontade de partilhar uma noite por semana com os meus companheiro de clube.
Com o mesmo título do poema "Os Jogadores de Xadrez" existe um livro de poesia (?!) de Pedro Alvim, editado pela 'Livros Horizonte' na colecção 'Horizonte da Poesia (portanto, o livro deve ser de poesia!), em 1986.
Segundo o autor (que também fez os desenhos...) a obra foi escrita entre Junho de 1980 e Agosto de 1981. E sabem onde é que ele teve a ideia de fazer o livro? Não sabem? eu digo:
- "... a partir de uma conversa ouvida no elevador da Glória."
Bom! Talvez por ser fraco jogador de Xadrez, não consiga 'encaixar' muito bem este livro de Pedro Alvim. O autor tem outras (muitas...) obras de poesia que se podem recomendar; mas esta... deve estar alguns pontos 'Elo' acima da minha compreensão.
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.
Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.
Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
"De Vítor ao Xadrez"
de António Torrado
Editado pela 'Livros Horizonte' no ano de 1984, foi o n.º 1 da colecção 'Encontro' que foi crescendo...
É um livro com 112 pág. e foi Prémio 'José Galeno' atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores.
De António Torrado conheço-lhe vastas histórias e narrativas para o público infantil e juvenil. Esta obra foi a sua primeira deambulação pelas histórias curtas para público mais adulto.
São 32 histórias independentes (?!), tendo a primeira por título 'Vítor' e a última 'Xadrez'! Justamente!!
São histórias curtas em que nos podemos rever, sem querermos, porque relatam as observações do quotidiano de quase todos nós.
A história do 'Xadrez' é triste!... é o abandono... a solidão... a demência (?!)... ou será a 'libertação'?...